Eis meu fato: Mulher incomum subestima seu homem comum. —Ele se importou com minhas luvas! Ele que se perdia nas minhas curvas e aos poucos se perdia de mim me ofereceu a mão para seguir reto, diz que é preciso coragem para dar o peitaço e abandonar o teto. Ele quer um teto nosso. Ele quer me mostrar o mundo, as praias gregas. Paisagens novas. Ele pegou minha mão com força e certeza, e ela, pequena, perdeu-se entre as dele.
Eis a história: Ela, incomum Deusa guerreira, subestimava seu jardineiro, ele não lhe via como os outros a viam, sempre ocupado com suas rosas não admirava sua beleza e perfume. Ela, uma rosa-mulher, ímpar, queria todos os seus olhares, todas as suas palavras, tudo que os outros tinham e lhe davam, mais o que era dele. E mais o mundo. Ela amava o homem comum. E o odiava por segundos. Ela o comparava. Ela se frustrava. Ela ia abandoná-lo naquele instante. Mas ele segurou suas mãos. Lhe cheirou o pescoço e disse que ela ficaria mais bela se sorrisse. Porque ele só tinha olhos para ela. Ele a sabia sem ela saber. Ela era sua rosa. E ele era servo de seus espinhos. De todos seus espinhos. E ele a surpreendeu quando ela pensava que ele era previsível. Ela o subestimou. Chorou. E suas lágrimas lhe pesaram mais que tudo. E ele, homem comum, a carregou nos braços, com todos os seus espinhos, terra, pedras... de uma forma descomunal.
*Depois dos fatos as emoções chegaram. Depois das curvas, as mãos e as luvas. Depois das sementes, as rosas e seus espinhos. Depois do pranto o riso, depois do riso a mão, o colo, o caminho. No fim do caminho: — As praias gregas.
"As pessoas são diferentes, mas quando o amor existe as diferenças tornam-se particularidades"
ResponderExcluirVinícius Dantes Maffei
21/09/2006 19:37